Apenadas recebem benefícios durante audiência realizada no presídio Júlia Maranhão
“Estou feliz, porque dois anos e dois meses longe da família não é fácil. Vou aproveitar muito minha liberdade, pois com a experiência daqui aprendi a dar valor às coisas que não dava lá fora”, externou Michele Kathleen, condenada por tráfico de drogas.
A concessão de benefícios é uma das atividades que a VEP, junto com o Conselho Estadual de Administração Penitenciária e o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Penitenciário, realiza durante as reuniões que ocorrem dentro dos presídios do Estado, semanalmente, às quintas-feiras. Trata-se de uma parceria do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e Secretaria de Administração Penitenciária (Poder Executivo), que verificam processos de presos e discutem medidas necessárias para melhorar o sistema.
A metodologia adotada revela um balanço “extremamente positivo”, na ótica do magistrado, porque ao haver um contato direto com o preso e com a administração penitenciária, é possível detectar os problemas e avançar em soluções. Na reunião de hoje, as autoridades trataram sobre possibilidade da reabertura das cadeias públicas de Gurinhém e São Bento. “Temos cobrado do Estado essa iniciativa de reabertura e o Governo tem se mostrado solícito. Já deu, inclusive, a previsão de concretizar o pedido em janeiro”, revelou Carlos Neves.
Também foram verificados, durante a reunião, os avanços na construção do anexo do presídio Júlia Maranhão que consiste em salas para educação e o Posto de Saúde dos Presídios (PSP), que vai contar com uma equipe de médicos para atender as presas. “As obras estavam paralisadas e foram retomadas, demonstrando um avanço, fruto da nossa presença aqui”, avaliou o juiz da VEP.
O gerente do Sistema Penitenciário, tenente-coronel Arnaldo Sobrinho, verificou que esse trabalho garante que a situação da disciplina prisional é mantida num “clima de tranquilidade”. Tal assertiva é compartilhada pela diretora do presídio, agente Cinthya Almeida. Ela destacou que essa atividade acalma nas presas, pois elas perceberam que o Judiciário está presente, “que não é assim tão distante”. A diretora também registrou que a presença dos gestores penitenciários e da Justiça nas unidades é uma “grande ajuda” para gerenciar as demandas que existentes.
Além disso, as audiências dentro dos presídios permitem uma economia significativa, ao se evitar o transporte de presos para os Fóruns, observou o secretário de Administração Penitenciária, Wallber Virgulino, que também é presidente do Conselho Estadual.
Essa reunião já foi realizada em todas as penitenciárias, como a de psiquiatria forense, PB1, Instituto Penal Sílvio Porto, onde vários apenados foram beneficiados com
atendimento, concessão de progressão de pena e melhorias administrativas. É uma ação conjunta do judiciário e do Executivo para melhorar o atendimento nessa área.
Os benefícios aos presos são concedidos, após uma triagem, dentro de requisitos objetivos (tempo) e subjetivos (comportamento), conforme determina a lei de execução penal. Atualmente, 1500 apenados encontram-se empregados, requisito necessário para mantê-los longe do crime, informou Arnaldo Sobrinho.
Gabriella Guedes




