Lançamento de cartilha, oficina e palestras marcam evento sobre inclusão e acessibilidade no TJPB
O lançamento em formato de cordel de uma cartilha sobre inclusão e acessibilidade deu continuidade à programação, na tarde dessa segunda-feira (22), do evento ‘Justiça Inclusiva e Acessível a Todos’. A ação, que aconteceu na sede da Escola Superior da Magistratura (Esma), foi organizada pela Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (Compaci), do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), tendo à frente a desembargadora Anna Carla Lopes Correia Lima de Freitas. A finalidade foi debater o tema no âmbito do Poder Judiciário estadual.
A servidora do TJPB Socorro Fernandes declamou o conteúdo da cartilha por ela criada, um cordel sobre ‘Acessibilidade no Trabalho’. Na sequência, a professora e mestre Aurora Medeiros de Lucena Costa, atuante em neuro inclusão, falou em relação
às pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Ela enfatizou a necessidade de ações de inclusão, respeito, acolhimento humano, comunicação clara, olhar diferenciado, a questão do diagnóstico tardio, além de citar experiências próprias de assédio e discriminação sofridas no ambiente do trabalho e na vida universitária.
“Este evento é de extrema importância, porque não se analisa, ou pouco se analisa hoje, a integração de pessoas com autismo no ambiente de trabalho, quer seja público, quer seja privado. É significativo levantar essa discussão do atendimento humanizado, principalmente no TJPB, de todos entenderem quais são as limitações e principalmente o desenvolvimento dessas pessoas no ambiente de trabalho e de como podem ser uma ajuda essencial, com todo o respeito às suas neurodivergências e habilidades específicas”, pontuou.
Ainda dentro da programação foi realizada uma oficina, ocasião em que trouxeram experiências e orientações sobre como lidar com PCDs. A servidora do Tribunal de Justiça da Paraíba Susi Berlarmino falou como agir junto a pessoas com deficiência visual, a assistente social Fábia Halana Fonseca explicou sobre situações envolvendo cadeirantes e a professora da UFPB, Nayara de Almeida, com a ajuda de um intérprete de libras, expôs sua história de vida e as dificuldades enfrentadas pelas pessoas surdas.
Encerrando a programação, o titular do Juizado Especial Criminal da Comarca de Campina Grande, juiz Perilo Lucena, ministrou palestra sobre cidadania sem barreiras, abordando os desafios e avanços da acessibilidade no Poder Judiciário. Ele define cidadania como a relação entre o indivíduo e o Estado, com direitos e deveres.
“Quando falamos de barreiras, desafios, estamos nos referindo às dificuldades que as pessoas com deficiência têm encontrado para exercer os seus direitos, na medida em que não lhes é dado o direito de existir, o direito de ser ouvido. E hoje, o Poder Judiciário, através da desembargadora Anna Carla e da Comissão, está fazendo um belíssimo trabalho de discutir esse tema tão importante, de renovar os conceitos, de fazer valer as políticas públicas”, ressaltou o magistrado.
A presidente da Compaci, desembargadora Anna Carla Lopes, lembrou a celebração do Dia Mundial das Pessoas com Deficiência e a luta pela inclusão e a acessibilidade, avaliando o evento como exitoso.
“Não poderíamos deixar de fomentar o estudo e o debate em prol de causas tão nobres e de interesse de toda a coletividade. E eu digo sempre que não há justiça sem acessibilidade. Hoje é um momento para conscientizar, de que precisamos dar acesso, incluir todas as pessoas. Não basta só abrir a porta para todos, é preciso que todos caminhem em pé de igualdade, respeitando, obviamente, as necessidades de cada um”, enfatizou a desembargadora Anna Carla Lopes.
Por sua vez, a servidora Socorro Fernandes destacou a importância de um evento que utiliza o cordel para divulgar os direitos e deveres dos PCDs. “A poesia, especialmente o cordel, é uma forma eficaz de alcançar a sociedade, além de promover o tratamento respeitoso e sério às pessoas com deficiência”, comentou.
Acessibilidade - Durante o evento, a artista plástica Manuela Lima, conhecida como “Manu da Paz”, diagnosticada com TEA, expôs seus quadros no hall do auditório da Esma. Para ela foi uma oportunidade importante de mostrar suas obras de arte visual. “Eu acho isso muito bom para alertar as pessoas sobre a exclusão social e como, nós autistas, sofremos com isso”, refletiu.
Sua mãe, Maria Aparecida Lima, que apoia e acompanha os trabalhos da filha, achou o evento extremamente positivo. “Acredito que já deveríamos estar mais avançados nessa temática aqui no Brasil e reforço que a participação da família é fundamental para a inclusão social de todo e qualquer PCD. É imprescindível que haja o reconhecimento do transtorno ou da deficiência, a busca por tratamento adequado e, sobretudo, o engajamento coletivo no processo de inclusão social”, realçou.
Por Lila Santos
Fotos: Ednaldo Araújo