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Publicado em: 17/12/2008 - 12h00 Tags: Geral, Legado

Lançamento do livro do Desembargador Marcos Cavalcanti: Íntegra do discurso de apresentação do historiador Humberto Mello

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por Evandro da Nóbrega,


coordenador de Comunicação


Social do Judiciário paraibano


 


 


Quem apresentou o livro Nobiliarquia Mamanguapense, de autoria do desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque, durante seu lançamento, na tarde/noite desta quarta-feira, 17 de dezembro, foi o historiador Humberto Cavalcanti de Mello, do IHGP, da Academia Paraibana de Letras e ex-juiz de Direito.


 


Dizendo-se honrado em apresentar o volume (para o qual também escreveu um texto, a pedido do Autor), o historiador Humberto Mello informou aos presentes que assim se sentia em virtude do “valor da obra, que enriquece a bibliografia paraibana de História e Genealogia”.


 


DESEMBARGADORES GENÉSIO & LUIZ SÍLVIO


O livro do desembargador Marcos Cavalcanti foi lançado no Salão Nobre do Palácio da Justiça, em solenidade dirigida pelo vice-presidente do TJ-PB, desembargador Genésio Gomes Pereira Filho, no exercício da Presidência da Corte, em substituição ao desembargador Antônio de Pádua Lima Montenegro.


 


Este lançamento ocorreu dentro do Plano Cultural da Mesa Diretora do Tribunal de Justiça da Paraíba para o Biênio 2007-2009. Uma das autoridades que fizeram questão de comparecer ao lançamento foi o novo Presidente eleito do TJ-PB, desembargador Luiz Sílvio Ramalho Júnior, que será o chefe do Poder Judiciário no Biênio 2009-1011.


 


COMPONDO A MESA DOS TRABALHOS


Este magistrado, aliás, integrou a Mesa dos Trabalhos do lançamento, presidida pelo desembargador Genésio Gomes, ao lado do historiador Humberto Mello; do atual corregedor-geral de Justiça, desembargador Júlio Paulo Neto; do presidente da OAB-PB, advogado José Mário Porto Júnior; do representante do Ministério Público, Dr. Paulo Barbosa de Almeida, subprocurador-geral de Justiça do Estado; do presidente da Academia Paraibana de Letras, Dr. Juarez Farias; e de representantes do Governo do Estado, da Prefeitura da Capital e de outras instituições, órgãos e entidades.


 


Achavam-se ainda no Salão Nobre “Ministro Osvaldo Trigueiro de Albuquerque Melo” praticamente todos os desembargadores, juízes de Direito convocados para o Tribunal Pleno e para as Câmaras do TJ-PB; magistrados em geral; advogados, procuradores de Justiça, promotores, alunos, professores, outros operadores do Direito e até uma comitiva de autoridades vindas expressamente do Vale do Mamanguape. Entre os presentes, podem-se citar, ainda, o vice-presidente do IHGP, escritor Adauto Ramos; o presidente do TRE-PB, desembargador Nilo Luís Ramalho Vieira; desembargadores e juízes aposentados; altos servidores do TJ-PB, como secretários e coordenadores; e grande número de intelectuais.


 


FAMÍLIAS CAVALCANTI & ALBUQUERQUE


— O desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque não se cingiu, neste livro, a relacionar seus parentes de Mamanguape — afirmou o historiador Humberto Mello, acrescentando: “Traz [na obra] muitos verbetes biográficos sobre outros Cavalcanti e Albuquerque, coestaduanos ou não, inclusive sobre o único paraibano da família nobilitado no Império: Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, o Visconde de Cavalcanti, natural de Pilar, localidade que, tanto quanto Mamanguape, foi visitada pelo Imperador D. Pedro II, a quando de sua vinda à província da Paraíba”.


 


Prosseguiu o acadêmico Humberto Cavalcanti de Mello explicando que o desembargador-escritor, “se não se limitou aos Cavalcanti de Albuquerque de Mamanguape, também não se limitou, em Mamanguape, aos Cavalcanti de Albuquerque”:


 


ORIGENS PORTUGUESAS & ITALIANAS


— São numerosas as famílias mamanguapenses relacionadas [no livro], muitas delas para lá idas no século XIX, quando a pujança econômica e cultural a velha e conspícua cidade atraía gente do Nordeste e imigrantes estrangeiros, principalmente portugueses e italianos.


 


E prosseguiu o Dr. Humberto Mello: “Algumas dessas famílias ainda lá permanecem. Outras de lá se mudaram quando sobreveio a decadência, devida ao roteiro da estrada de ferro cujo traçado de lá se desviou. Várias ostentam sobrenomes ilustres a revelar suas ligações com nobres origens. Ilustra o livro com brasões, fotografias e documentos que complementam e enriquecem o texto”.


 


A ÍNTEGRA DO DISCURSO


É a seguinte a íntegra do discurso pronunciado pelo historiador e juiz de Direito aposentado Humberto Cavalcanti de Mello sobre o livro que na ocasião estava sendo lançado pelo desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque:


 


“SOBRE O LIVRO NOBILIARQUIA  MAMANGUAPENSE, DO


DESEMBARGADOR MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE


                  


No ano passado, o desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque contou-me que preparava um livro sobre Mamanguape, sua bem amada terra natal.  Pediu-me alguns subsídios.  Dei-lhe o que tinha – cópias de trechos de autores paraibanos sobre o velho e ilustre município – e indiquei-lhe onde encontrar outras fontes de pesquisas.  Distinguiu-me com a menção de meu nome em primeiro lugar entre os colaboradores de sua obra.  E aumentou-me a distinção, confiando-me a redação de uma nota para integrar o corpo do livro.


 


Tamanha a quantidade de material recolhido, oriundo de fontes primárias e secundárias, que o livro se tornou bem volumoso.  Decidiu, então, o autor dividi-lo em três, o primeiro dos quais é este aqui lançado: Nobiliarquia Mamanguapense.  E mais uma vez me honra, convidando-me para apresentá-lo.


 


O título do livro lembra obras de antigos historiadores: a Nobiliarquia Paulistana, de Pedro Taques, e a Nobiliarquia Pernambucana, de Antônio Borges da Fonseca.


 


Um preciosista poderia estranhar a denominação deste volume: Nobiliarquia Mamanguapense. Afinal, dos seis paraibanos nobilitados no século XIX – um no Reino de Portugal e cinco no Império do Brasil – apenas um foi conterrâneo do autor: Flávio Clementino da Silva Freire, o Barão de Mamanguape, Presidente da Província da Paraíba, Deputado Geral e Senador do Império. Mas havia e há famílias de nobre origem em Mamanguape, a começar pela do autor.


 


Meu parente Frei Hugo Fragoso, frade franciscano, contou-me que estando em Roma disse a irmãos seus de hábito que tinha origem italiana, por conta de sua bisavó que era uma Cavalcanti, e eles afirmaram que se tratava de uma das mais antigas e nobres famílias italianas.


 


Encontramos notícia dela no século XIII. Guido Cavalcanti, um dos grandes nomes das letras italianas, foi destacado representante do chamado dolce stil nuovo, a escola que inovou a poesia itálica e deu raízes ao movimento que fez do dialeto toscano a base da moderna língua italiana e sua família já era conhecida como nobre e abastada. Dante Alighieri o chamava “meu primeiro amigo”, o que não obstou que o grande poeta colocasse no inferno, precisamente no sexto círculo, reservado aos heréticos, Cavalcante Cavalcanti, pai de Guido, como se lê no canto X da primeira parte da Divina Comédia


                  


Dois séculos depois, como narra Marcos Cavalcanti de Albuquerque neste livro, dois irmãos da família, migraram para Portugal, para fugir a perseguições políticas. Um ficou em Lisboa; o outro, Filippo, veio para Pernambuco, onde aportuguesou o prenome para Filipe e se casou com uma filha de Jerônimo de Albuquerque, o chamado “Adão Pernambucano”.


 


Albuquerque é uma fidalga família portuguesa de gloriosas tradições, inicialmente no campo militar, sobressaindo-se nela Afonso de Albuquerque, vice-rei da Índia, o “Albuquerque terríbil”, decantado por Camões n’Os Lusíadas.


 


Jerônimo, cunhado de Duarte Coelho, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, manteve duas uniões.  A primeira, com Maria do Espírito Santo, nome com que foi cristãmente batizada a filha do cacique Arcoverde; a segunda, com uma portuguesa com quem se casou sem abandonar a primeira. Das duas houve numerosos filhos. A esposa de Filipe Cavalcanti era mameluca, da primeira união.  Assim se ligaram as nobrezas italiana, portuguesa e indígena, já que a sogra de Filipe, filha de um morubixaba, podia ser legitimamente considerada uma nobre de sua etnia.


 


Dessa forma, todo Cavalcanti brasileiro é Albuquerque, mas nem todo Albuquerque é Cavalcanti, visto que os demais filhos de Jerônimo de Albuquerque se uniram a outras famílias.


 


A descendência do casal Filipe Cavalcanti e Catarina Albuquerque foi numerosa. Encontramos representantes seus em todo o nordeste, notadamente entre o Ceará e Alagoas, mas também nos demais estados brasileiros.


 


Poderíamos citar, por exemplo, o destacado cientista Tito Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, paulista de Taquaritinga, e que foi uma das vítimas do chamado “Massacre de Manguinhos”, quando na década de 1970, vários ilustres cientistas brasileiros foram demitidos de seus cargos em Universidades e Institutos de Pesquisas, pelo regime militar.


 


A maior parte da família permaneceu na terra de origem onde, no século XIX, com vários de seus membros agraciados com títulos de nobreza, exerceu tal dominação política que se dizia que em Pernambuco quem não era Cavalcanti era cavalgado.    


 


Do lado dos Albuquerque descendentes de outros filhos de Jerônimo, vale destacar o ramo Albuquerque Maranhão. Vários de seus integrantes foram capitães-mores da Paraíba. Outros se fixaram no Rio Grande do Norte, onde, nas duas primeiras décadas da História Republicana, comandaram a política estadual.


 


 


                                      *        *        *


 


Marcos Cavalcanti não se cingiu, neste livro, a relacionar seus parentes de Mamanguape. Traz muitos verbetes biográficos sobre outros Cavalcanti e Albuquerque, coestaduanos ou não, inclusive  sobre o único paraibano da família nobilitado no Império: Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, o Visconde de Cavalcanti, natural de Pilar, localidade que, tanto quanto Mamanguape, foi visitada pelo Imperador D. Pedro II, a quando de sua vinda à província da Paraíba.


                  


E, se não se limitou aos Cavalcanti de Albuquerque de Mamanguape, não se limitou, em Mamanguape aos Cavalcanti de Albuquerque. São numerosas as famílias mamanguapenses aqui relacionadas, muitas delas para lá idas no século XIX, quando a pujança econômica e cultural a velha e conspícua cidade atraía gente do Nordeste e imigrantes estrangeiros, principalmente portugueses e italianos.


 


Algumas dessas famílias ainda lá permanecem. Outras de lá se mudaram quando sobreveio a decadência, devida ao roteiro da estrada de ferro cujo traçado de lá se desviou. Várias ostentam sobrenomes ilustres a revelar suas ligações com nobres origens.


 


Ilustra o livro com brasões, fotografias e documentos que complementam e enriquecem o texto.


 


 


                                      *        *        *


 


Honra-me, repito, apresentar este livro. Não apenas pela distinção que me é conferida, mas, sobretudo, pelo valor da obra, que enriquece a bibliografia paraibana de História e de Genealogia.


 


Leiam e confiram.”    


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