Servidores que fazem gols: técnica judiciária treina Seleção Brasileira de Handebol
De vez em quando, ela precisa se ausentar do cartório para ganhar troféus e medalhas mundo afora, treinar um time e tornar o Brasil campeão na modalidade de esporte que começou a jogar aos 13 anos: o handebol. Nessa idade, ela já fazia parte da Seleção Paraibana, onde permaneceu por cerca de 20 anos. Decidiu que faria carreira e chegou a treinar as seleções do Colégio Lourdinas e Ipep.
A Seleção Brasileira entrou em sua vida em 2002. “A primeira competição nacional da qual participei foi no Ceará, onde fomos vice-campeãs. Então fui chamada para a Seleção Brasileira, onde fiquei um ano como auxiliar técnica. Depois, a técnica teve que sair e fui convidada a assumir o lugar dela e aqui estou até hoje”, conta Rossana.
A servidora informou que já foi bicampeã mundial e, recentemente, bicampeã do World Games de Handebol – evento ocorrido na cidade de Cali, Colômbia, no início de agosto. A equipe, que conta com atletas de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Sul, também já conquistou medalhas de ouro nos campeonatos Pan-americano, Sul-americano e Ibero-americano, nos últimos sete anos.
Os treinos
Rossana diz ser uma técnica exigente com a equipe. “A gente exige porque precisa, pois o preço de um bom resultado é um bom preparo”, conta a paraibana. Mas revela também que não é intransigente. “Nós somos amigas, conversamos, escuto as dúvidas, as sugestões e também tentamos implementar algumas ideias que são dadas”, declara.Para satisfação de Rossana, o treinamento para o World Games foi realizado em João Pessoa. “Já temos arenas prontas, uma areia muito boa para treinar, um clima maravilhoso e tivemos a oportunidade de trazer os treinos para cá”, disse a atleta. O time chegou a treinar em São Paulo, até que, no ano passado, a Confederação resolveu conhecer as praias pessoenses e encontrou boas condições para os trabalhos.
Foram 15 dias intensivos, com três treinos por dia: 6h, 12h e 17h, contando sábados e domingos.
A técnica da Seleção e a técnica do Judiciário
Há tempos, Rossana concilia as duas carreiras e nunca pensou em abandonar nenhuma. Como técnica judiciária, seu trabalho é volumoso, como o de outros tantos servidores que compõe o Judiciário paraibano.
“Procuro ser rápida no meu serviço e adiantá-lo o máximo possível, pois quando preciso me ausentar, sei que é difícil para as pessoas que ficam no cartório ter alguém a menos no quadro. O trabalho aumenta. Faço o máximo que posso para não deixar serviço para ninguém”, disse Rossana.
Um dos instrumentos a seu favor é a Lei Pelé, que, segundo ela, garante o direito ao funcionário público de representar a Seleção Brasileira em mundiais ou momentos em que seja necessária a presença do técnico. O outro, tão importante quanto, é a compreensão dos colegas de trabalho. “A cada viagem, eu vejo que todo mundo vibra comigo, me manda mensagens, torce e sempre sou bem recebida quando retorno. É força que todos me dão”, afirma.
O juiz titular da unidade, José Célio de Lacerda Sá, confirma o que ela diz: “Como servidora, ela é extraordinária, cumpre seu papel com competência e assiduidade. E os dias em que fica afastada treinando a seleção servem como combustível para ela, pois quando volta, trabalha com mais alegria”, afirmou.
Para o magistrado, o apoio dado à servidora vale a pena e é uma forma de incentivar o esporte. “É motivo de muito orgulho termos a Rossana como representante”, diz. Pelo visto, a técnica da Seleção Brasileira também é campeã como técnica judiciária.
Gecom - Gabriela parente





