TJPB apoia campanha de prevenção ao suicídio lançada pelo Ministério Público estadual
Diante dos dados estatísticos de casos de suicídios na Paraíba, no Brasil e no mundo, o Ministério Público da Paraíba convocou vários órgãos e instituições para se engajarem na Campanha ‘Setembro Amarelo - Vamos falar da Vida’, lançado na tarde desta terça-feira (28), no Auditório da Procuradoria-Geral de Justiça. A proposta, que tem o apoio do Tribunal de Justiça da Paraíba, é realizar rodas de diálogo, para detecção precoce de situações que possam gerar o ato extremo do suicídio, especialmente, em Unidades de Saúde da Família com a participação da comunidade e dos diversos profissionais da saúde.
O coordenador do Comitê Estadual de Saúde do Tribunal de Justiça da Paraíba, juiz Marcos Salles representou o TJPB no evento e afirmou que a atuação do Judiciário estadual na Campanha tem como propósito apoiar o Ministério Público na iniciativa. “O fenômeno do suicídio é de ordem mundial e preocupa a todos. Não tem classe econômica, nem faixa etária e todos nos sentimos atingidos. Tanto que, em boa hora, o Ministério Público da Paraíba eleva esse debate, contribuindo com esses setores da Medicina, da Psicologia e outras áreas afins de saúde, com o propósito de mostrar ao cidadão, a quem nós devemos servir, a nossa preocupação enquanto órgãos e poderes da República”, ressaltou.
O lançamento da campanha contou, ainda, com a participação de representantes do Tribunal de Justiça da Paraíba, Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Associação Brasileira de Psiquiatria, Associação Paraibana de Psiquiatria, Centro de Valorização da Vida (CVV-JP) e das Secretarias de Saúde do Município de João Pessoa e do Estado.
Idealizado pela 2ª promotora de Justiça da Saúde de João Pessoa, Jovana Maria Silva Tabosa, a Campanha foi aberta pelo coordenador Núcleo de Políticas Públicas do MPPB, procurador Valberto Lira. Ele explicou que a campanha ‘Vamos falar da Vida’ é um trabalho de conscientização sobre a prevenção do suicídio.
O procurador apresentou dados da Organização Mundial de Saúde que afirmam que, a cada segundo, uma pessoa tira sua própria vida no mundo e que 70% desses casos acontecem em países com vulnerabilidade social. O Brasil, segundo esses mesmos dados, ocupa o 8º lugar no mundo no número de mortes autoprovocadas intencionalmente. E, na Paraíba, o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/SES) registra um caso de suicídio, a cada 34 horas.
Além do trabalho de conscientização, o procurador Valberto Lira defendeu a elaboração de uma cartilha de orientação, para que as pessoas possam conhecer os serviços existentes para se trabalhar a prevenção do suicídio. “Decidimos atuar em duas frentes: na adesão à campanha de conscientização e na criação de um fórum interinstitucional e intersetorial para pensar ações e projetos de esclarecimento e prevenção ao suicídio”, disse.
Quebrar tabus - A 2ª promotora de Justiça da Saúde do MPPB, Jovana Maria Silva Tabosa, observou que “o fenômeno do suicídio é uma questão de saúde pública e as ações ministeriais devem se voltar à sua prevenção e, também, a posvenção (cuidados psicológicos dados às pessoas que sofreram algum trauma)”. Acrescentou que é preciso quebrar os tabus que envolvem a temática, falando sobre o suicídio e efetivando ações de prevenção, que durem o ano inteiro e não somente no Setembro Amarelo. Durante a abertura da campanha “Vamos falar da Vida”, a promotora relatou seu drama pessoal e familiar, em que seu pai, no ano de 2016, tirou a própria vida.
“Propus a campanha em homenagem ao meu pai. Eu preciso da participação de todos, dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, do Tribunal de Justiça, do Corpo de Bombeiros, do Centro de Valorização da Vida, das Secretarias de Saúde do Município e do Estado, do Conselho Regional de Medicina, Conselho Regional de Psicologia e de todos que possam se engajar nessa luta”, afirmou emocionada.
O procurador do Ministério Público Federal, José Guilherme Ferraz, observou que é preciso buscar junto ao Ministério da Saúde a possibilidade de inclusão do Estado da Paraíba em programas que já existem, que procuram capacitar e dar melhor estrutura para que os serviços de saúde tenham um atendimento mais amplo.
Ficar atento aos sinais - O vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, médico Alfredo Minervino, disse que existem 90% de chances de diminuir a quantidade de suicídios. Para isso, é preciso estar atento e acreditar em qualquer ameaça, em que o indivíduo dê sinais com palavras como: “Eu queria morrer”; “Eu gostaria de não acordar mais”; “Eu gostaria de resolver todos os meus problemas se eu pudesse desaparecer”.
“Todas as pessoas que vão se suicidar procuram ajuda, principalmente médica, um mês antes de se suicidar e, às vezes, 35% deles procuram uma semana antes de cometer o ato”, relatou.
CVV - Já André Fagundes, coordenador do Centro de Valorização da Vida (CVV) em João Pessoa, disse que a vertente utilizada pela instituição para falar sobre o suicídio é de abordá-lo diretamente. Em casos de notícias de rádio, televisão, impressos e portais de internet, é noticiar que houve o suicídio, sem mostrar quais foram as causas.
André Fagundes observou que as pessoas que estão passando por momentos difíceis podem procurar o CVV, ligando no telefone 188 que funciona 24 horas, todos os dias da semana.
Por Eloise Elane