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Publicado em: 25/10/2024 - 15h49 Atualizado em: 25/10/2024 - 15h51 Tags: Outubro Rosa, Novembro Azul, Prevenção, Câncer

Câncer de mama: mastologista alerta sobre a importância dos cuidados precoces

Dentro da programação da Campanha do Outubro Rosa, o Tribunal de Justiça da Paraíba, por meio da Gerência de Qualidade de Vida, em parceria com a Associação das Esposas dos Magistrados e Magistradas da Paraíba (Aemp), realizou durante todo o mês de outubro uma série de eventos de alerta sobre os cuidados preventivos contra o câncer de mama. No dia 30, a partir das 10h, será ministrada palestra no auditório do Fórum Cível da Capital.

Dra. Lakymê Mangueira Porto - mastologista
Dra. Lakymê Mangueira Porto - mastologista

A médica mastologista Lakymê Mangueira Porto será uma das palestrantes no evento. Com larga experiência na área, ela é professora e pesquisadora da Universidade Federal da Paraíba; é mastologista do Hospital do Câncer Napoleão Laureano; coordenadora da Residência Médica de Mastologia da UFPB; Membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia; Mestre em tocoginecologia, além de coordenar o Projeto de extensão Promama. Por meio de entrevista, Lakymê Mangueira faz um alerta e orienta sobre a importância do rastreamento mamográfico e de “se cuidar”.

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) alerta que o câncer de mama é o tipo que mais acomete as mulheres no Brasil. A prevenção primária e a detecção precoce contribuem para a redução da incidência e da mortalidade. O Poder Judiciário estadual também integra a Rede de Apoio com ações e eventos voltados à replicação de informações e orientações a magistradas, servidoras e colaboradoras sobre a importância do cuidado primário, o conhecimento dos sintomas e diagnósticos.

Segundo o INCA, para o Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama em 2024. A estimativa de risco é de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. Apenas cerca de 1% dos casos ocorre em homens.

Segue a entrevista: 

Gecom - De que forma as mulheres podem se prevenir? 

Lakymê Mangueira - Então, existem dois tipos de prevenção. O que chamamos de prevenção primária, que são as medidas de mudanças de hábitos de vida, que a gente evita o aparecimento da doença, como no caso do câncer de mama, essas mudanças de hábitos envolvem redução de peso, controle da obesidade, alimentação mais saudável, práticas de atividades físicas diárias. Existe, inclusive, até trabalhos científicos mostrando que se você faz seis horas de atividade física por semana, você diminui em até 30% a chance de você ter câncer de mama. E se você faz dez horas de atividade física por semana, essa redução pode chegar a 40%. Além disso, diminuir a ingestão de bebidas alcoólicas, evitar o tabagismo, e existe o que a gente chama de prevenção secundária, que na verdade a gente não evita o aparecimento do câncer, mas consegue fazer um diagnóstico precoce atingindo até 90% de chance de cura da doença. Conseguimos a prevenção secundária fazendo um rastreamento através de exames de mamografia. As mulheres devem fazer também o auto exame como auto conhecimento do seu próprio corpo, para se aparecer algum sinal ela identificar, mas o auto exame em si não faz um diagnóstico tão precoce. Por isso, as campanhas hoje são muito mais em cima do rastreamento mamográfico, onde se detecta as lesões bem pequenas, o que chamamos de lesões subclínicas, que só aparecem no exame de imagem. Esse rastreamento deve ser feito a partir dos 40 anos, anualmente, mesmo em mulheres assintomáticas. 

Gecom -  Quais os sintomas desta doença?

Lakymê Mangueira - Os sintomas e sinais que as mulheres precisam estar atentas são: mudança de coloração da pele da mama, geralmente aparecimento de áreas avermelhadas ou escuras, mudanças de contorno, de formato, de abaulamento, de retrações nessa mama, enrugamento da pele, aparecimento de secreção saindo do mamilo, mas é importante alertar que a secreção preocupante é aquela secreção que sai sozinha, espontaneamente, de cor ou cor de água, de rocha, que a gente chama que é aquela transparente, ou vermelho, cor de sangue.  Não precisa ficar fazendo a expressão do mamilo para ver se tem a secreção, porque essa secreção que sai bilateralmente, dos dois lados, multicoloridas, marrom, verde e amarelado, e que sai a expressão do mamilo, elas são secreções que não geram preocupações, geralmente associadas a coisas de benignidade. As secreções preocupantes, elas saem sozinhas, então tá ali sujo, sutiã, sujou a camisola e observa que tá sujo, não precisa estar fazendo a expressão do mamilo.

Gecom -  Como a senhora avalia os eventos (rodas de conversa) organizados pelo TJPB com a abordagem do tema?

Lakymê Mangueira  - Mas é muito importante essas rodas de conversa realizadas para poder esclarecer as formas de prevenção, a necessidade do rastreamento periódico, mesmo em mulheres assintomáticas, para assim, a gente atingir verdadeiramente o diagnóstico precoce e atingir essa chance de cura. Quando nós fazemos essas rodas de conversa, essa informação boa, essa informação correta, vai quebrando muitos mitos que existem e informações erradas também que são fornecidas pelos meios de comunicação da internet hoje. Então, a gente tem muitas fake news falando de forma equivocada, que não deve ser realizada por uma mamografia porque gera câncer, que não precisa fazer biópsia dos nódulos porque vai espalhar a doença. Isso tudo são informações equivocadas, fake news, e quando a gente vai fazer nossas rodas de conversa nós vamos fazer esclarecimento do que é verdade e do que é mito. E essa informação correta, ela vai ser levada não só para quem está presenciando essas rodas de conversa, quem está participando dessas rodas de conversa, mas essas pessoas também podem ser semeadoras, sementes nos seus lares, nos seus amigos, levando a informação também correta para outras pessoas.

Gecom - Com base em sua experiência médica, em média, quantas mulheres conseguem vencer a doença através do diagnóstico precoce?

Lakymê Mangueira - A chance de cura do câncer de mama hoje, quando se faz um diagnóstico precoce, nós atingimos 90% de chance de cura. O tratamento do câncer de mama ele é individualizado, existem várias terapias, cirurgias, imunoterapias, hormonioterapia, quimioterapia, radioterapia, mas, esses tratamentos eles podem ser combinados ou não, depende da idade da paciente e do tipo biológico do tumor, para a gente escolher o tipo de tratamento que será realizado. A gravidade da doença também está relacionada ao tipo do tumor, ao comportamento biológico deste tumor e a idade da paciente. 

Gecom - Se fala tanto em câncer de mama, ainda há preconceito com relação à discussão do tema no meio feminino, ou mesmo na sociedade?

Lakymê Mangueira - Anteriormente o câncer era sinônimo de morte, mas com o avanço das técnicas cirúrgicas e das terapias complementares que podem ser feitos tanto antes da cirurgia como após a cirurgia, e essa indicação é individualizada de acordo com cada paciente, esse tabu, esse mito, ele vem caindo. Então hoje se fala muito mais abertamente do câncer, as formas de tratamento, e as pessoas estão compreendendo, que se faz realmente os exames periodicamente e o diagnóstico cedo nós podemos tratar e curar essas mulheres. 

Por Lila Santos com informações do INCA

 

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