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Publicado em: 16/03/2016 - 11h08 Atualizado em: 16/03/2016 - 15h11

Historiadores da UFPB estão digitalizando documentos históricos do Judiciário

A digitalização envolve documentos do século XVIII e XIX
de 3 comarcas da Paraíba

Historiadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), através de um projeto de extensão, estão realizando a digitalização de documentos do século XVIII e XIX das comarcas de João Pessoa, São João do Cariri e Mamanguape. O objetivo do projeto é criar acervos digitais e, até agora, mais de 40 mil documentos já foram digitalizados.

No momento, a digitalização dos documentos da comarca de João Pessoa já foi concluída, a de São João do Cariri está em andamentos e, hoje (16), se inicia a de Mamanguape.

A proposta de acervos digitais referentes a documentos cartoriais desta época é um projeto pioneiro no Brasil. ‘É uma inovação e é importante que seja feito. Há pessoas que trabalham com essa documentação que dizem se tratar de papel velho e que deveria ser destruído. Mas isso é memória, é o patrimônio do nosso Estado, é nossa história e não se pode deixar perder assim”, declarou a professora Maria Vitória, uma das historiadoras responsáveis pelo trabalho.

A ideia, explicou Maria Vitória, veio a partir da proposta de uma professora que fazia doutorado na Universidade Vanderbilt, localizada nos Estados Unidos, que falou sobre um programa de arquivos ameaçados da biblioteca britânica, que financia projetos de extensão para digitalizar documentos antigos que estão ameaçados devido a ação do tempo e do homem”, disse, Maria Vitória.

A historiadora ressaltou que o trabalho não se trata apenas da digitalização. “Além da identificação da documentação, seleção, higienização, colocação nas cartilhas e digitalização, há também a elaboração de uma síntese de cada documento digitalizado para que o pesquisador tenha conhecimento do que ele possui em mãos”, explicou.

Durante a catalogação desses documentos, um caso interessante e que chamou atenção da professora Maria Vitória foi um processo do século XIX, onde, naquela época, “a mulher não tinha voz, nem vez” e quando ficava viúva o juiz de órfãos colocava como tutor e testamenteiro dos órfãos não a mãe, mas geralmente um outro homem que poderia ser da família ou não.

Nesse caso, a mulher não aceita essa possibilidade. Então envia uma carta para a rainha de Portugal, de onde o Brasil era colônia, solicitando a tutela das crianças, dizendo possuir todas as condições de ser responsável pelos bens, pelos filhos órfãos e pelo patrimônio construído junto ao marido. A rainha aceita o pedido e determina que a partir daquele momento ela será a tutora dos filhos e responsável pelos bens. “Nesse período, até agora, não há conhecimento de outro caso dessa natureza. Para mim, foi muito interessante”, declarou a historiadora.

Dez pessoas estão envolvidas nesse trabalho, sendo elas: 5 bolsistas e 2 voluntários dos cursos de história e arquivologia da UFPB, 2 professores doutores em história pela Universidade Vanderbilt, Marshall Eakin e Courtney Campbell, e 2 professoras doutoras em história pela Universidade Federal da Paraíba, Maria Vitória e Solange Pereira da Rocha

O trabalho com a documentação do TJPB teve início em agosto de 2015, e a previsão é que em julho de 2017 a digitalização dos documentos esteja concluída. A UFPB disponibilizará um HD com todos os documentos.

Laíse Santos (estagiária)

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