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Publicado em: 14/12/2010 - 12h00 Tags: Geral, Legado

Juiz Fabiano Moura de Moura diz que na Paraíba não tem espaço para pedófilos

O juiz Fabiano Moura de Moura, coordenador da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça da Paraíba, participou, nesta terça-feira (14) de entrevista coletiva à imprensa no Ministério Público do Estado. O objetivo foi divulgar os resultados da Operação Predador, por meio da qual foi efetuada, esta madrugada, a prisão do naturista Nelci Rones Pereira de Sousa. Ele é acusado, em tese, pela prática de pedofilia e pela comercialização de fotos de crianças e adolescentes, entre dois e 16 anos, da região de Tambaba, litoral sul paraibano.

Também participaram da coletiva, o procurador-geral do Estado, Osvaldo Trigueiro do Valle Filho; o presidente do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Otávio Paulo Neto; os promotores de justiça das comarcas de Alhandra e Caaporã, respectivamente, Francisco Lianza Neto e Cassiana Mendes de Sá.

A Operação foi desenvolvida pelo Ministério Público estadual, em parceria com a Polícia Rodoviário Federal e o Grupo de Operações especiais (GOE) da Polícia Civil.

Durante a entrevista, foi informado que Nelci Rones instalou-se na Paraíba há 15 anos, no assentamento Nova Vida, onde teria acesso a populações mais carentes da região. Ele fazia parte da Sociedade Naturista de Tambaba (Sonata), da qual já foi presidente, e se utilizava disso para ter acesso às crianças e aos adolescentes, que foram fotografados com os corpos expostos. “São fotos com apelo sexual, com foco nas genitálias, que foram comercializadas com sites intenacionais”, explicou o presidente da Gaeco.

O acusado está sendo processado, foi preso e será encaminhado para a Cadeia Pública de Alhandra. Ainda não houve relatos de que tenha existido conjunção carnal com estas crianças, mas as denúncias apontam que o acusado as acariciavam. De acordo com o depoimento de uma ex-secretária de Nelci, ele levava as vítimas para sua casa, com a conivência dos pais onde eram feitas as fotografias. Lá, elas eram obrigadas a permanecerem sem roupas.

“A Paraíba não terá espaços para pedófilos! Esta ação significa um enfrentamento corajoso a esta prática e já diz do envolvimento de todos os órgãos envolvidos no seu combate”, enfatizou Fabiano Moura de Moura. Ele acrescentou que a operação foi importante para a discussão de novas medidas para que crianças e adolescentes não fiquem tão expostos a estas ações. “Nesta etapa, daremos o apoio necessário às vítimas e garantiremos atendimento psicológico a fim de minimizar o sofrimento destas crianças”, falou o juiz Fabiano.

Ele também informou que o Tribunal está aparelhado e oferecerá o apoio necessário para que seja realizada a escuta especializada com as vítimas, em nome do princípio da proteção integral e em cumprimento à Resolução nº 33 do Conselho nacional de Justiça (CNJ).

Na ocasião, o procurador-geral do Estado clamou à sociedade para que participasse da luta contra a pedofilia, procurando as autoridades para denunciar casos semelhantes.

“Precisamos ter regramentos que deem segurança às pessoas de boa fé, que querem participar da filosofia do Naturismo e Tambaba é um dos recantos naturais que a gente precisa preservar, com ética, moral e com uma fiscalização mais rigorosa para que crianças e adolescentes não estejam expostos a crimes desta natureza”, afirmou Osvaldo Trigueiro.

Neste sentido, a magistrada titular de Caaporã, Cassiana Mendes, afirmou que o acesso à praia de Tambaba precisava resguardar os direitos das crianças e dos adolescentes. “Não podemos permitir que a filosofia naturista seja um pretexto para o abuso delas”, falou.

Os promotores presentes disseram, ainda, que os pais das vítimas podem ser responsabilizados pela conivência com os atos de Nelci, que, teria se aproveitado da condição humilde das famílias para oferecer benefícios, como dinheiro ou gêneros alimentícios, em troca da permissão para fotografar seus filhos.

Segundo dados do Ministério Público, a Operação Predador durou cinco meses, mas as investigações prosseguirão a fim de identificar outros casos relacionados.

Por Gabriela Parente

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