Juíza fala da importância de adoção de políticas públicas de combate às drogas
Hoje é o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo
Em dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, a juíza Maria Emília Neiva, da 8ª Vara Criminal de João Pessoa, fala sobre a importância da adoção de políticas públicas para o envolvimento de menores com drogas e álcool. Para ela, a educação e prevenção desde cedo, feita de forma eficiente, é uma das saídas. A data é comemorada nesta quinta-feira, 20 de fevereiro.Segundo a magistrada, a atual situação do tráfico de drogas em João Pessoa e na Paraíba está cada vez mais grave. “A situação tem assustado, porque quando a gente trabalha a gente quer ver resultado. Mas a realidade atual está se agravando. Na última quarta-feira (20) tivemos uma grande apreensão de maconha, foram 100kg, e isso é só um caso”, cita.
Dentre os tipos de droga, a que mais preocupa é o crack. Um estudo feito pela Confederação Nacional dos Municípios e divulgado pelo Observatório do crack, em novembro do ano passado, mostra que cerca de 80% dos municípios do estado têm crack. Esse dado corresponde a 133 cidades da Paraíba.
Mas atenta ao número de processos existentes da sua vara, 1.417, a juíza confessa que ele não impressiona, já que há processos que envolvem vários réus em um só. Outra grande complexidade se deve a dissociação do usuário ao traficante. Ela destaca a importância de avaliar caso a caso para não manter detido alguém indevidamente.
“A criminalidade, ao meu ver, está fora de controle. É necessário providências urgentes por parte do Estado. As casas de recuperação não comportam o número de pessoas que necessitam de internação. A prisão é uma medida extrema que só deve ser aplicada a quem for, de fato, traficante, não apenas usuário”, afirma.
Um usuário de drogas, preso indevidamente, terá envolvimento com diversos criminosos, transgressores da lei. Por isso, sob o olhar da magistrada, datas como o Dia Nacional de Combate a essa causa merece maior atenção. “Tudo começa na escola, então a prevenção deve ser feita de forma educativa. A justiça não vai resolver essa questão sozinha”, pontua.
Na Capital há apenas dois Centros de Assistência Psicossocial (CAPS) com foco em álcool e drogas, com capacidade de internação e atendimento 24h. Mas, apenas um, tem autorização para receber pacientes de qualquer localidade do Estado. Esse fato ganha nova dimensão, pois João Pessoa, Campina Grande, Patos e Sousa têm 25 áreas que concentram o tráfico e o consumo de drogas.
A parte baixa do bairro varadouro em João Pessoa, já é conhecida como a “Cracolândia paraibana”. Maria Emília relaciona o aumento do tráfico ao de criminalidade. Conforme seu relato, o crack ganha espaço pela realidade social e econômica dos dependentes. “A maioria se envolve com o crack porque o preço é mais acessível, uma pedra custa em torno de cinco reais”, frisa.
“Eu ficaria feliz se ouvisse o interesse das autoridades para essas questões, que demonstrassem interesse para as casas de recuperação. São muitos os que precisam. O tratamento é caro, a maioria das famílias não têm dinheiro”, reforça.
Karina Negreiros (estagiária)




