Íntegra do discurso do Desembargador José Di Lorenzo Serpa por ocasião do lançamento de seu livro “Lições do Tempo”
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DISCURSO PRONUNCIADO PELO DESEMBARGADOR JOSÉ DI LORENZO SERPA, POR OCASIÃO DO LANÇAMENTO DA OBRA LIÇÕES DO TEMPO, DE SUA AUTORIA, NA TARDE-NOITE DE 13 DE AGOSTO DE 2008, NO SALÃO NOBRE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA
Exmº. Sr. Des. Antônio de Pádua Lima Montenegro Digníssimo Presidente deste Tribunal;
Excelentíssimos Senhores Desembargadores;
Ilmº. Secretário da Presidência desta Corte, Dr. Márcio Roberto Soares Ferreira;
Demais autoridades;
Servidores do meu Gabinete;
Demais Servidores desta Casa;
Senhores convidados;
Meus familiares;
Minhas Senhoras, meus Senhores:
Tudo começou quando, inadvertida e despretensiosamente, constatei o meu comportamento em relação à minha primeira neta, Ana Beatriz (Bibia). Logo em seguida, no tocante aos demais netos, Caio, Ana Vitória (Vivi), Ana Lívia (Lili), Luana (Lulu) e Amanda (Mandinha), formando um total de seis netos. Tratamento diferente que foi dado aos filhos Julio César, José Di Lorenzo Serpa Filho e Raquel, fato que foi percebido pela minha esposa Rosário.
Isto porque os netos interferem na casa, na hora do telejornal, enfim, na cena familiar, sem qualquer repreensão.
Os filhos supra-citados, por várias vezes, afirmaram que no tempo deles a educação era diferente, pois o pai ralhava com a interferência deles.
Cito como exemplo de acontecimentos ocorridos com os netos, dentre outros, o seguinte: sendo o meu aniversário após o canto de parabéns, os netos em coro entoaram:
“Com quem será?
Com que será?
Que o vovô vai se casar?”
E responderam:
“Vai depender
Vai depender
Quem a vovó Rosário escolher.”
Feitas estas observações, comecei a escrever algumas linhas, que chamaria de artigos ou crônicas, publicadas aos sábados no jornal O Norte.
Após a publicação de aproximadamente oitenta crônicas e por sugestão de vários amigos, <?xml:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /?>em particular Pontes da Silva, veio à lume esta publicação, com o título de Lições do Tempo, na certeza de que tudo em nossa vida corresponde a lições e aprendizagem, pois o tempo se nos apresenta como o nosso grande mestre, principalmente lições dos netos para os avós.
Muitos fatos foram narrados tendo como atores ora os avós, ora os netos acima citados, fatos estes que tentei narrá-los com simplicidade, muito bem percebida pelo Sr. Presidente deste egrégio Tribunal de Justiça, Antônio de Pádua Lima Montenegro, o qual dissecou, com acuidade e perspicácia, alguns fatos narrados nestas crônicas numa linguagem simples e direta.
Aproveitando o ensejo, agradeço penhoradamente não só a leitura que fez e, principalmente, o aceite do prefácio deste livro e todo o seu empenho para sua publicação, abrindo as portas deste Salão Nobre, Salão “Ministro Oswaldo Trigueiro de Albuquerque Melo”, para este evento.
Não somos colegas de turma, mas somos contemporâneos da Faculdade de Direito e repito o que disse noutra oportunidade que dele guardei a imagem de um estudioso e à época sempre portando o livro de Direito Civil de Washington de Barros Monteiro e afirmava peremptoriamente: “quero ser juiz”. E foi, e é e será sempre grande magistrado e hoje, como ele próprio diz, guardião da justiça deste Tribunal, com uma administração profícua, repleta de realizações, sempre no afã de modernizar a estrutura administrativa da nossa Corte, valorizar o ser humano e a cultura da nossa brava Paraíba.
Entre as realizações da operosa gestão do Desembargador Pádua, destaco, sem demérito das demais:
a) a implantação de novas Secretarias e Coordenadorias;
b) aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração;
c) reforma da LOJE, com a participação ativa da magistratura de primeiro grau e sob a presidencia do desembargador Luiz Sílvio Ramalho Júnior, que será presidente do TJ-PB no próximo biênio (2009-2011);
d) atualização do Regimento Interno do Tribunal, em andamento, sob a presidência do desembargador Leôncio Teixeira Câmara;
e) realização de Concurso Público para a admissão de pessoal, providência esta que se encontra em andamento;
f) criação das Secretarias de 1) Orçamento, Planejamento e Finanças, 2) de Tecnologia da Informação e 3) de Recursos Humanos;
g) completa reestruturação da Coordenadoria da Infância e da Juventude, inclusive com a total recuperação e revitalização do Centro Terapêutico do Adolescente (CETA), e inteiro apoio ao Centro de Atividade Ocupacional (CAO);
h) implementação de um Plano Cultural, com o lançamento de grande número de obras de real interesse para a Magistratura, servidores da Justiça, operadores do Direito e o público em geral, quais sejam:
- a nova edição do livro Introdução ao Direito, do Professor e Desembargador José Flóscolo da Nóbrega;
- o livro Revisão Judicial dos Contratos – Do Código de Defesa do Consumidor ao Código Civil de 2002, do Juiz Wladimir Alcebíades Marinha Falcão Cunha;
- Introdução à Sociologia, de autoria do desembargador, professor e jurista José Flóscolo da Nóbrega;
- A Ciência Social do Direito, de autoria do professor José Cláudio Baptista;
- Poesia Seleta/Selecta Carmina, de autoria do educador e poeta Vanildo Brito;
- Do Nordeste Brasileiro, de autoria do jornalista, articulista e escritor Barroso Pontes;
- Direito processual penal em sala de aula, do desembargador aposentado Onildo Cavalcanti de Farias; e
- História do Direito e da Política, do historiador e professor José Octávio de Arruda Melo;
i) criação do Brasão do Judiciário; e
j) inauguração da Sala de Capacitação em Informática.
Uma palavra de agradecimento também ao Dr. Márcio Roberto Soares Ferreira, por ter aceitado fazer a orelha deste livro, sendo ele velho companheiro, que já o conheci debruçado sobre os versos de Vinícius de Moraes e demais poetas antigos e modernos, o qual, juntamente com o Dr. Pádua, faz parte desta lição do tempo.
Registro igual agradecimento à Editora Linha D’agua, nas pessoas de Pontes da Silva, professor universitário e velho amigo, e de Heitor Cabral, ressaltando que tal Editora vem contribuindo com o engrandecimento da cultura paraibana.
Agradecendo aos funcionários desta Casa, a todos os presentes, aos meus familiares, os Di Lorenzo Serpa, Di Lorenzo Oliveira, Di Lorenzo Marsicano, Di Lorenzo Souza, Di Lorenzo Macedo e Di Lorenzo Amaral, não esquecendo os familiares da minha esposa. A todos, sem exceção, que, de uma maneira ou de outra, concorreram para esta publicação, e, acima de tudo, a Deus, criador do Universo.
Assinalo, como já o fiz noutra oportunidade, um abraço especial aos meus pais, na certeza de que suas bênçãos me acompanham até hoje, e a meus irmãos, pedindo permissão para dizer as suas titularidades, não por vaidade ou orgulho, mas prestando uma justa homenagem à luta deles para conseguirem um lugar ao sol, passando, pois, a relacioná-los:
Antônio Marcos, engenheiro;
Sebastião, engenheiro;
Reinaldo, bioquímico;
Giovanni, advogado;
Francisco de Assis, Delegado de Polícia Civil em Timbaúba;
Maria do Socorro, geógrafa;
Lindalva, professora de inglês, licenciada em Letras; e
Maria da Conceição, assistente social.
O livro, após esta solenidade, não me pertence mais, continuando sua vida própria como os netos, seguindo seus próprios caminhos, esperando eu apenas que ele possa ser útil de alguma maneira a alguém de algum lugar, do passado, do presente e quiçá do futuro, absorvendo cada qual, se possível, as lições da vida, do tempo e dos netos.
Quase finalizando, registro minha homenagem a todos os vovôs e vovós, aos meus, em particular, que não mais existem, incluindo os avós Antônio de Pádua e Márcio Roberto e os que se encontram presentes, anotando os versos do poeta Manuel Bandeira, que, à sombra das “Cinzas das Horas” da sua vida, disse para nós:
“E enquanto anoitece, vou
Lendo sossegado e só
As cartas que meu avô
Escrevia a minha avó.”
Finalizando, desejo que os netos sejam abençoados por todos os avós presentes e, na ausência de seus avós, na hora de dormir, após a oração, sendo abençoados pelos pais, possam dizer:
A benção, Papai do Céu
A benção, Mamãe do Céu
Já ia me esquecendo
A benção, Vovô do Céu.
Muito obrigado.