Curso de Media Training para magistrados do Judiciário estadual é iniciado na Esma
Visando capacitar os magistrados para lidar com a imprensa e formadores de opinião, bem como orientar quanto ao uso adequado das redes sociais, foi iniciado, na manhã desta quinta-feira (30), o Curso de Media Training com o tema: ‘O juiz no contexto midiático’, na Escola Superior da Magistratura (Esma). A iniciativa busca, ainda, auxiliar os juízes a desenvolverem melhor suas habilidades de comunicabilidade para assegurar o bom relacionamento com os veículos de comunicação, e, também, prepará-los para o enfrentamento de situações de crise.
A dinâmica da formação está ocorrendo por meio de aulas teóricas, simulação de entrevistas e dinâmicas de grupo. Está sendo ministrada pelos consultores, professores Guilherme Lamenha, Camila Esposte, Michelle Raeder e Rodrigo Mendes Ribeiro, da Empresa Ima Gestão de Imagem, nos horários de 8h às 12h15 e das 14h às 18h15.
O curso é credenciado pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), terá carga horária de 20 horas-aula, e os participantes devem cumprir a frequência mínima de 75%.
O evento foi aberto pelo diretor da Instituição de Ensino, desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Ele ressaltou que, atualmente, há mais interação entre o Poder Judiciário e a sociedade, situação que exige maior preparo dos magistrados nesse seguimento. “A cada instante o exercício da magistratura nos coloca frente a frente com situações para as quais, nem sempre estamos preparados para enfrentá-las. São as modificações que a sociedade pós-moderna exige do juiz, a exemplo de atuar neste contexto midiático”, afirmou.
O diretor acredita que o curso vai apresentar aos participantes os recursos adequados para que os magistrados possam transmitir uma imagem mais positiva do Poder Judiciário para a sociedade.
A juíza da Comarca de Pocinhos, Carmen Helen Agra de Brito, assegurou que essa interação entre o Poder Judiciário e os meios de comunicação é muito importante, principalmente, em relação à população. “Entendo ser primordial, nos dias de hoje, que a população veja como os juízes trabalham e como somos, além das nossas responsabilidades. Então, isso é transmitido através dessa interação entre o juiz e o jornalista”, disse a magistrada.
Também presente à capacitação, o juiz da 2ª Turma Recursal de João Pessoa, José Ferreira Ramos Júnior, ressaltou que nada melhor que os veículos de comunicações para aproximar o magistrado da população. “Por meio deste curso, temos a oportunidade de aprender como fazer a comunicação mais eficiente e usar essa ferramenta para que o Poder Judiciário possa ficar mais próximo do jurisdicionado”, pontuou.
Durante o curso, os magistrados vão conhecer o funcionamento das novas mídias; serão preparados para entrevistas individuais e coletivas com a compreensão de melhor performance; saberão como minimizar a vulnerabilidade da magistratura diante dos contextos midiáticos; e aperfeiçoarão o relacionamento com a imprensa em geral; dentre outros itens.
Para o professor Guilherme Lamenha é importante que o magistrado compreenda o papel da imprensa e a função que o jornalista desempenha neste mundo tão globalizado e tecnológico. “Antigamente, tínhamos o jornalista trabalhando numa redação, apurando as informações e colocando no ar. Hoje, todas as pessoas que possuem uma rede social, se acham no direito de terem seus próprios veículos de comunicação”, disse o consultor.
Ainda segundo Lamenha, a linguagem técnica em cada área de atuação sempre vai existir, mas, na comunicação com o público, essa linguagem precisa ser simplificada, ou seja, ela tem de ser mais objetiva, concisa e direta, e o juiz precisa ter essa linguagem em suas decisões. “Quanto menos técnicos formos para a linguagem com a população, mas o cidadão terá a compreensão daquele conhecimento que está sendo transmitido”, disse.
Programação - No primeiro dia, está ocorrendo aula teórica sobre o sistema de comunicação nacional e internacional e sua evolução permanente; as redes sociais e o mundo jornalístico. Nesse contexto, está sendo abordado o funcionamento da imprensa, os valores da notícia para os jornalistas; informações sobre as novas mídias; situação de crise: gerenciamento e prevenções; cuidados e relevância na exposição pessoal no uso privado e institucional nas redes sociais.
Em relação às atividades práticas, envolvendo elemento humano da imprensa local, serão realizadas conversas informais com jornalistas, tratando sobre limites e posturas. Ao final, uma oficina de crise como exercício.
Já no segundo dia, haverá interação entre os ministrantes e discentes, tratando dos assuntos expostos, por meio da exposição dialogada e simulação de entrevistas coletivas e individuais. Também serão feitas técnicas de elaboração de mensagens-chave voltadas para o diálogo; oficinas de voz e postura, produção de briefing (coleta de dados) para entrevista com simulação individual.
Complementando as práticas, ocorrerá a preparação para talk show e workshop com avaliação da performance. Para a avaliação de resultados, serão distribuídos formulários avaliativos do curso a serem preenchidos pelos ministrantes e magistrados participantes.
Por Marcus Vinícius