Dia dos Povos Indígenas é marcado na Esma com webinário sobre Direitos Humanos e Interculturalidade
Nesta sexta-feira, dia 19 de abril, é comemorado o Dia dos Povos Indígenas, e a Escola Superior da Magistratura (Esma) promoveu um webinário sobre ‘Direitos Humanos e Interculturalidade: a questão indígena em pauta’. A temática foi transmitida ao vivo pela plataforma Zoom e através do canal da instituição de ensino no YouTube.
O webinário teve como palestrantes Rute Morais Souza, mestra em antropologia pela Universidade de Brasília (UNB), Euzelene Rodrigues Aguiar, doutora em psicologia pela Universidade de Salamanca, na Espanha, e Daniel Valério Martins, pós-doutor em História Indígena. A doutora em Direito Internacional Milena Barbosa de Melo mediou o webinário.
Para a mediadora, a cultura de uma sociedade ou comunidade retrata os valores reais originários, visto que solidifica o perfil comportamental do indivíduo, a maneira como enfrenta os desafios da vida, como a morte, o trabalho e as relações interpessoais. “Nesse sentido, esse webinário se destaca como instrumento essencial para disseminar o conhecimento acerca da importância da história, cultura e vida dos povos originários. Afinal de contas, muitos são os desafios enfrentados pelos povos indígenas, em virtude do desconhecimento da importância de sua história na construção da sociedade moderna”, disse Milena de Melo.
“Hoje é um dia de luta e resistência dos povos indígenas do Brasil, bem como um dia de reflexão”, ressaltou Rute Souza, ao iniciar sua explanação. Ela falou sobre sua pesquisa a respeito do povo ‘Anacé’, que é um povo indígena que habita o Estado do Ceará, nos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante.
Em seguida, o professor Daniel Valério afirmou que grande parte do seu aprendizado e conhecimento foram exatamente com os povos indígenas. Ele agradeceu a direção da Esma, num dia tão emblemático, ao abrir o espaço para debater sobre os Direitos Humanos e a Interculturalidade voltada aos povos originários.
“Os povos indígenas estão sendo escutados, mas só percebemos, com mais afinco, desde a Constituição de 1988, que se torna um marco divisor nessa questão dos direitos indígenas”, observou Daniel Valério.
A professora e indígena Euzelene Aguiar encerrou os debates do webinário. Ela falou, na oportunidade, sobre seu mestrado na Universidade de Salamanca, com tese intitulada ‘Análise histórica da evolução do consumo de bebida alcoólica entre povos indígenas do Brasil, no processo individual, coletivo e étnico’. “O estudo buscou analisar a evolução histórica do consumo de álcool entre indígenas do Brasil, desde suas bebidas tradicionais, obtidas através da fermentação, até as bebidas destiladas, destacando-se a dimensão individual, coletiva e étnica do processo de alcoolização verificado contemporaneamente entre muitos povos”, comentou Euzelene.
Ainda segundo a palestrante, ouvir as vozes indígenas é uma prioridade também para a Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de reconhecer a diversidade das práticas de cura, os produtos utilizados e os serviços prestados pelas comunidades em distintos contextos socioculturais.
Por Marcus Vinícius