Tribunal de Justiça da Paraíba lembra o centenário de nascimento do ministro Abelardo Jurema
Durante o evento, o presidente da Comissão de Cultura, desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque, fez a entrega de uma placa ao filho do ministro Abelardo, Oswaldo Pessoa Jurema, em reconhecimento à contribuição do homenageado para a Justiça.
Também foi relançado o livro “Sexta-feira 13 – Os últimos dias do Governo Goulart”, de autoria do ministro Abelardo Jurema, que foi jornalista, político, ministro da Justiça e amigo do presidente João Goulart, e relatou nesta obra os momentos da história que culminaram no Golpe de 64. O livro foi escrito durante o seu exílio no Peru.
Houve ainda apresentação da Orquestra “Toque de Vida”, regida pelo maestro 'Chiquito”.
A presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti, afirmou que o homenageado teve importância para a Justiça paraibana, por sua trajetória à frente do Ministério da Justiça. “Abelardo Jurema, enquanto advogado e ministro, sempre teve um olhar voltado para o jurisdicionado, para o consumidor e para os hipossuficientes. Foi um político em sua essência, mas também um homem preocupado com o Direito”, afirmou a presidente.
Ao falar em nome da família Jurema, o procurador geral da Assembleia Legislativa do Estado, Abelardo Jurema Neto, relembrou histórias de seu avô e fatos que envolveram o ministro, cuja trajetória é marcada pelo exílio durante os 'anos de chumbo'. Também enumerou algumas iniciativas que caracterizaram a carreira do homenageado.
“Orgulha-me relembrar que Abelardo de Araújo Jurema foi o autor do projeto que federalizou a Universidade Federal da Paraíba, ocupou a importante liderança do governo Juscelino Kubitschek, foi eleito e reeleito deputado federal pela Paraíba, e assumiu, de forma ímpar, o Ministério da Justiça do governo de João Goulart”, declarou o neto do homenageado. No desfecho de seu discurso, agradeceu as homenagens e se referiu ao avô como 'herói'.
Na ocasião, o filho do homenageado, jornalista Abelardo Jurema, também comentou a própria relação com o pai. “Todos os dias eu saía do colégio e ia pra lá. Quando ele estava na política nos víamos pouco, mas quando ele esteve asilado na embaixada do Peru, no Rio de Janeiro, nos aproximamos bastante. Ele foi um homem pródigo, modesto e generoso, que está presente em todas as minhas ações”, declarou.
Homenageado - Abelardo Jurema de Araújo ocupou a pasta do Ministério da Justiça de 1962 a 1964, tendo tido papel determinante no Governo do presidente João Goulart. Criou o Comissariado de Defesa do Consumidor – o Codep – órgão fiscalizador dos preços dos gêneros alimentícios, que pode ser considerado o pai do atual Procon.
Na política, Abelardo Jurema foi suplente do senador Rui Carneiro, tendo assumido a titularidade do mandato com apenas 40 anos, por um período de 120 dias. Vale salientar que naquela época o suplente também era votado, o que não acontece hoje. Em 1958 ele conquistou o seu primeiro mandato de deputado federal, tendo sido líder do Governo JK e liderou no Congresso Nacional o Movimento Mudancista, que previa a mudança da Capital Federal para Brasília. Foi reeleito em 1960, quando liderou a Oposição ao presidente Jânio Quadros. Após a renúncia e a ascensão de João Goulart, foi nomeado Ministro da Justiça.
Foi exilado em Lima, no Peru, durante quatro anos. Chegou lá em maio de 1964, junto com outros 11 exilados brasileiros. Lá escreveu livros, trabalhou na importação e distribuição de charutos brasileiros da marca Suerdick e também dirigiu uma fábrica de Farinha de Peixe que exportava o produto para a Europa.
Por Gabriela Parente














