Cerca de 100 pessoas participam do Curso de Adoção para Pretendentes Habilitados
Em torno de 100 pessoas participaram, nesta quarta-feira (28), do Curso de Adoção para Pretendentes Habilitados, no Auditório da Escola Superior da Magistratura (Esma), promovido pela Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça da Paraíba e pela 1ª Vara da Infância e Juventude da Capital. Os pretendentes são das Comarcas integrantes da 1ª Circunscrição, que é composta por João Pessoa, Cabedelo, Bayeux, Santa Rita, Mamanguape, Alhandra, Caaporã, Cruz do Espírito Santo, Conde, Gurinhém, Itabaiana, Jacaraú, Lucena, Pedras de Fogo, Pilar, Rio Tinto e Sapé.
Durante o encontro, eles puderam conhecer os aspectos jurídicos da adoção, em palestra ministrada pelo coordenador da Infância e Juventude do TJPB e juiz da 1ª Vara, Adhailton Lacet Correia Porto, pela defensora pública Iricelma Bezerra Cavalcanti de Albuquerque e por representante do Ministério Público da Paraíba. Depois, assistiram a palestra da assistente social Luciana Marcelino Paiva, membro da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da OAB-PB, que falou sobre os aspectos sociais da adoção e adoções necessárias.
Coube a psicóloga do TJPB e coordenadora do Setor de Adoção da 1ª Vara da Infância e Juventude da Capital, Maria Goreti Dantas Abrantes, discorrer sobre o Projeto Acolher, desenvolvido pelo Juizado da Infância e Juventude da Capital. A iniciativa consiste em visitas às maternidades da Capital para certificar se as mães que demonstram interesse em doar o filho recém-nascido estão sendo orientadas a seguir o procedimento legal junto à Vara da Infância e Juventude.
Já a psicóloga Ana Lúcia Correia Lima Cananéa, que atua na Comissão Estadual Judiciária de Adoção (CEJA), tratou sobre os aspectos psicológicos da adoção. Logo após cada palestra, os participantes do curso puderam tirar suas dúvidas, nas rodas de perguntas e respostas.
Depoimentos - Duas mães adotivas fizeram o relato de suas experiências desde o momento em que decidiram adotar e todo o caminho percorrido para terem seus sonhos realizados: Erinalva Lopes dos Santos, mãe adotiva de duas adolescentes, Sofia (12 anos) e Adriele (14 anos); e Cristiane Moreira, mãe biológica de Luiz Augusto (15 anos) e adotiva de Emanuel (seis anos).
Solteira, pedagoga e, atualmente, trabalhando na Rede Municipal de Ensino como orientadora educacional, Erivalda Lopes relatou que sempre quis ser mãe, mas nunca desejou parir. Disse que foi organizando sua vida financeira, esperando o tempo certo para realizar o seu sonho e sempre alimentando o desejo de adotar.
“Eu me inscrevi no programa de adoção e passei por todo o processo de entrevista e entrega de documentos. Dois anos depois, consegui adotar Sofia que, à época, tinha seis anos de idade. E quando realizava a primeira adoção, já fiquei sabendo da existência da segunda criança que poderia adotar e entrei no cadastro de novo. Se fosse uma gravidez biológica, seria aquela gravidez que não tinha sido programada. E aí, ganhei Adriele, que tinha 10 anos de idade”, contou.
Para Erivalda, a experiência tem sido enriquecedora, pois, segundo afirmou, ela e as filhas vêm crescendo juntas, em meio aos obstáculos naturais da vida. “Ser mãe é sempre um desafio, seja a biológica ou a adotiva. Principalmente, quando se trabalha com a adolescência que é a fase de pensamento mais crítico do jovem que está em formação. É o momento do aparecimento do rebelde sem causa. Mas, mesmo assim, tem as coisas incríveis, que compensam os desafios e as dificuldades”, afirmou.
A administradora de empresas, Cristiane Moreira, mãe Luiz e de Emanuel, disse que na família dela a adoção é muito natural, pois tem “20 tios de um lado, mais 12 do outro e um monte de primos”, que não sabe quantificar. Vinte por cento dos membros da família são de adotivos. “Eu sempre soube que seria mãe adotiva. Quando eu era criança, ganhei uma boneca da minha prima e eu chamava essa boneca de minha filha adotiva. E quando eu casei, tive o meu primeiro filho biológico. Depois, nos inscrevemos para adotar mais uma criança. Eu queria ter mais um filho de barriga e adotar um. Mas, o que aconteceu foi que engravidei mais três vezes e sofri três abortos”.
Enfim, depois de um período inscritos no cadastro de adoção, surgiu a criança tão desejada. “Quando você está gestando um filho adotivo é muito mais intenso. É uma coisa que só Deus pode colocar esse amor no coração da gente. É uma coisa tão linda, quando você recebe uma criança, através da Vara da Infância e Juventude, de forma legalizada. É muita tranquilidade”, declarou Cristiane.
Ela relembrou que quando Emanuel chegou a sua casa, na mesma noite sonhou com ele e saiu leite no peito. “Foi uma conexão muito intensa. Algumas mulheres não passam por isso. Mas, não quer dizer que elas são menos mães. Eu amo os dois da mesma forma. Meu filho adotivo tem tudo o que o filho genético tem. Todos os documentos, passaporte, viaja comigo para o mundo inteiro. Ele é complemente integrado. Agora, estou aguardando nossa filha chegar, pois me cadastrei de novo e quero uma menina”.
Por Eloise Elane