Violência doméstica: Grupos Reflexivos são tema de evento na Capital
Com base em recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que sugere aos tribunais brasileiros investimentos em políticas educacionais voltadas aos homens autores de violência contra mulheres, a coordenadora da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça da Paraíba, juíza Anna Carla Falcão, participou do 9º Encontro do Grupo Reflexivo. Essa iniciativa reúne homens que passaram por audiência de custódia e que cumprem medidas protetivas.
“A reunião também serviu para discutirmos a ampliação deste trabalho para todo o Estado da Paraíba”, adiantou a juíza. O encontro aconteceu, segunda-feira (9), na sede da Defensoria Pública de João Pessoa, que já disponibilizou o curso para 167 homens e agora está formando turmas que englobam mais de 60 participantes. Os integrantes dos grupos ainda podem ser encaminhados por magistrados e magistradas com competência nos processos de violência contra a mulher, no ato da sentença.
O trabalho dos grupos reflexivos de autores de violência visa trabalhar a responsabilização dos agressores domésticos e familiares, com intuito de reduzir as violações de direitos humanos. A medida não exclui que o agressor seja punido e tenha de pagar por seus atos, mas, vai além, desnaturalizando a ideia de que homens e mulheres são diferentes.
Segundo Anna Carla Falcão, a Defensoria disponibiliza um material muito rico sobre a matéria, dando explicações a respeito da Lei Maria da Penha, saúde do homem e um formulário de avaliação individual. Também é oferecido um manual do participante do Grupo Reflexivo, em que os homens do grupo, de uma maneira individual e personalizada, se reencontram consigo.
“A ideia é que esses homens sejam multiplicadores de combate a todo tipo de violência contra a mulher, uma vez que eles já vêm com testemunhos pessoais e conclusões tiradas nesses grupos e podem repassar a importância de respeitar os direitos da mulher”, comentou a coordenadora da Mulher do Poder Judiciário estadual. A magistrada ainda disse que os Grupos Reflexivos acontecem na Região Metropolitana da Capital: Bayeux, Santa Rita, Cabedelo e Conde.
Além disso, a Defensoria preenche um formulário de avaliação pós-grupo, que é feito três meses após a conclusão do curso. Durante os encontros dos Grupos Reflexivos, também são feitas oficinas, para que os participantes possam se conscientizar dos atos violentos que praticaram e, assim, possam mudar o comportamento e se reintegrar à sociedade.
Por Fernando Patriota