Junho Violeta: 'Envelhecer com dignidade' foi tema de debate ao enfrentamento da violência ao idoso
A violência contra a pessoa idosa é uma realidade silenciosa, porém crescente, que exige atenção urgente de toda a sociedade. Como parte das ações do ‘Junho Violeta’, mês dedicado à conscientização e ao combate às diversas formas de abuso sofridas por idosos, a Escola Superior da Magistratura da Paraíba (Esma-PB) e o Comitê de Atenção à Pessoa Idosa do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) realizaram o Webinário ‘Envelhecer com dignidade: um compromisso contra a violência’.
O evento, transmitido pelo canal da Esma no YouTube, reuniu magistrados(as), servidores(as), estagiários(as), residentes, colaboradores(as) do Tribunal de Justiça, representantes do Ministério Público, da Polícia Civil da Paraíba e o público em geral, com o objetivo de refletir sobre os principais desafios e caminhos para o enfrentamento da violência contra a pessoa idosa.
Na abertura, a juíza auxiliar da Vice-Presidência do TJPB e coordenadora adjunta do Comitê, Silmary Alves de Queiroga Vita, que mediou os trabalhos, ressaltou a importância da atuação interinstitucional. “Dentre várias ações, nós precisamos estar sempre atentos à necessidade de articular a valorização e a proteção à pessoa idosa, de qualificar magistrados e servidores sobre essa temática, de promover a interligação dos fatores que levam à violência, e de fortalecer a interdisciplinaridade e a interinstitucionalidade”, disse.
A promotora de Justiça Anita Bethania Silva da Rocha, titular da Promotoria de Justiça de João Pessoa de Defesa da Cidadania e dos Direitos Fundamentais, reforçou o papel preventivo da sociedade. “O webinário não poderia vir em melhor momento, no Junho Violeta, mês que simboliza a conscientização mundial sobre a violência contra o idoso. Envelhecer com dignidade é um compromisso de todos nós. A violência contra a pessoa idosa não se limita aos atos físicos, ela está também na omissão, no descaso e na falta de respeito. Precisamos agir na prevenção, o que é uma responsabilidade da família, das instituições e de toda a sociedade”, afirmou.
A delegada da Polícia Civil, Cláudia Germana, chamou a atenção para o caráter silencioso e invisível da violência contra a pessoa idosa. Ela destacou que o idoso, tem uma certa resistência de ir à delegacia ou fazer uma denúncia, por medo, por vergonha. “Quantas vezes eu já escutei na delegacia o idoso sem querer entrar. Eu vou lá para a porta para puxar para o gabinete, fechar a porta e escutá-lo”, falou. Por fim, pontuou que a violência contra o idoso muitas vezes ocorre dentro do ambiente familiar e é marcada por omissão, negligência, abuso psicológico, patrimonial e físico.
Fechando o ciclo de falas, a juíza Graziela Queiroga Gadelha de Sousa, coordenadora da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do TJPB, fez uma análise sobre a forma como a sociedade trata seus idosos, destacando que se vive em uma sociedade utilitarista. “Estamos vivendo numa sociedade utilitarista. Valemos à medida que temos utilidade. E o idoso, que foi jovem, trabalhou, criou seus filhos, deu tudo de si, muitas vezes é descartado quando mais precisa de cuidado. É nesse momento, de profunda vulnerabilidade, que a família deveria exercer um olhar mais humano e acolhedor, mas isso, infelizmente, nem sempre acontece”, disse.
O coordenador do Comitê de Atenção à Pessoa Idosa do TJPB, desembargador João Batista Barbosa, expressou sua emoção e gratidão pelas falas apresentadas ao longo do evento. “Ouvi muito com muita atenção tudo que foi falado. Meu coração agora repousa maravilhado, encantado e cheio de esperança de por vir melhor e auspicioso. Vamos transformar essas falas em compêndio”, falou.
Por Marcus Vinícius